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terça-feira, 21 de outubro de 2008

15 anos.

Sentou para descansar na calçada azul daquela rua sem fim. Se foi tudo tão cansativo até ali, duvidava se teria coragem de se olhar no espelho no quilômetro seguinte. O vento incógnito despenteava seus laços de menina. Ela tinha medo. Faz de conta que já era uma mulher azul de céu, faz de conta que carregava histórias de filhos na bolsa (que nada mais eram do que bonecas, até então). Faz de conta que sabia ninar, que sabia cantar, que era morena furta-cor. Faz de conta que não ligava pros olhares que furtava no corredor. Inventava aquela infância de ontem, prateada da lua que sonhou nos degraus da escada do universo. Ela era tudo de impossivel que a tinha construído. E nem sabia de tais impossibilidades. Amargava naquele peito pequeno coisas efêmeras e gigantes. Não tem a mínima idéia do que estar por vir naquela estrada de passos tão certos que a assustariam se fossem contados. Quer tanto fazer parte de uma tribo que se perde na sua identidade. E borra a boca de batom. E lembra que os olhos ficam mais leves sem rímel. Descalça os sapatos e sente mais uma vez o vento que a lembrava de estar viva. Já não sabia se fazia sol, se aquela era a luz da lua. Sabia que não tinha como voltar. Sabia que tinha de seguir. Mal sabia que nem 7 mil milhas seriam capazes de trazê-la de volta àquela calçada. Se soubesse da saudade que ia sentir, teria ficado mais tempo. Mas ela levanta e sua velocidade ingênua a guia pelo asfalto. Ela faz de conta que é adulta e esquece que é criança. Ela não se sabe mais. Ela muta e tudo muda pra ela. Não sabe lá de muita coisa. Em meio a todas as dúvidas, sua única certeza é a de que precisa correr. A de que precisa crescer. Ela precisava saber que estava chorando por dentro. Ela tem apenas 15 anos.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Carajás.

Entre árvores, há passos leves que sussurram folhas.
O sol gera frio nas sombras.
São as folhas que sombreiam pelo sol.
E nada queima. E tudo flui.
As risadas são barulhentas no silêncio.
É o lirismo das tocas dos coelhos.
É a magia do contato. É não sentir fome de felicidade. É o que a terra nos instiga. É o cheiro do mato.
Na comunhão de todas as coisas com coisa alguma, brota o desejo de ver o tempo passar.
Talvez os três elementos de algumas florestas sejam as folhas, o conforto do sol e o mistério das sombras.
Nunca foi tão bom deitar no chão...