Mostrando postagens com marcador Do peito aberto. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Do peito aberto. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 11 de março de 2009

Das coisas que são precisas.

Apaixonar-se não é arte fácil. É preciso ter luz nos olhos, peito cheio, frio na barriga, gosto de nuvem no céu da boca, eletricidade na pele e felicidade. É preciso, mais que tudo, sentir. É preciso aquela busca interna por ver graça naquele cenário. Aquela graça que só você vê. Aquele sorriso que só ele dá. Aquele olhar que só ela sabe desmontar. É busca de pedaço, busca por espaço. É aquela ausência dos nervos de aço. É o que te faz gostar de sertanejo, comer pastel de queijo e rir de percevejo passeando no braço ao entardecer. Apaixonar é rima banal sem ser vulgar. Mas certo dia vem um descompasso. As ligações já sufocam, o perfume enoja o estômago, a calça verde é cafona demais pra passear. O queijo do pastel fica borrachudo e nada mais rima no andar dessa paixão. É quando você volta a ser você, no gradativo dos dias, mesmo sem querer. Com seus livros do Galeano no fim da tarde, sua repúdia por café, suas pinturas de Monet e os acordes da Bossa Nova que te fazem colorido. Tudo, menos sertanejo. Sendo assim, desapaixonar seria fácil. Afinal, você se retoma, inebria-se da sua essência, ao invés daquela procura, do agradar, da mudança. Desapaixonar é mais fácil talvez que apaixonar. A diferença é que um é escolha e o, outro necessidade.

Para Giovana, que sempre me deixa feliz quando lê aqui e que me inspira com seus anseios.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Jeans.

Recebi ontem seu embrulho, mas não tive tempo de abrir. Corri e na exaustão que é digna das noites, rasguei o papel de seda. E perdi a voz. Não tinha rispidez. Tava com a cor desbotada que só os anos colorem. Tinha aquele cheiro de adrenalina tão característico dos sonhos bem vividos. Perdi o som. Abri a imponente porta do armário e joguei com repúdio todos os ternos no chão. Arranquei com desdém aqueles casacos pomposos do cabide. Nada diziam com aquele jeito de perfumes importados e sapatos comportados. Aqueles braços polidos que um dia os vestiram estavam nus de vergonha. Nus de lágrimas. E eu sentei naquele carpete engomado e a retirei do embrulho. Parecia que gostava da cena passional que se passava ali naquelas paredes de meia luz. Guardava meus segredos em meio a matizes de azul. E eu perdi as estribeiras, quebrei cadeiras e bati nos espelhos de água dos copos. Essas diretrizes que nada tinham haver com aquele pacote me violentaram naquela janela de luz. E nada mais se dizia. Borrei aqueles olhos pincelados de escudo. Busquei nos bolsos motivos de ratificação. Achei aquele bilhete primaveril que você me deu no inverno passado. E minhas lágrimas quase apagaram a “felicidade de borboletas no estômago” escrita com lápis de cor. E achei nossa moeda velha de apostas e me senti abraçada por todo aquele desgaste. E antes de abotoar os botões, nosso cheiro me ensurdeceu num grito de saudade. E vi ali, naquele corredor sem fim, que eu não quero mais o golden dream. Eu acredito mesmo é em jaqueta jeans. E me emociona encontrar alguém com uma e são nessas pessoas que eu confio. Obrigada por me tornar confiável. Obrigada por me devolver a minha velha jaqueta jeans.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

você agora.

Hoje eu acordei pra você. Acordei pra te fazer perder e me achar à frente. Eu me pintei de cores de seduzir suas pernas nas minhas cadentes de te fazer cair do rebolado. E me vesti de amores pra te prender no meu peito, mesmo que você, meio sem jeito, se prenda nos arames do nosso medo inconstante. Coloquei imãs na pele pra te atrair à minha parede carne quente do seu calor sensível. Corei o hálito do sabor do seu desejo que só quer o meu desejo, mas não sabe me dizer. Eu te beijo. Com a mesma boca que despertou pro seu sabor, que sente falta da sua língua e que passeia pelo seu pescoço sem medidas. Nesse nosso ritmo descompassado, com esse sentimento velado, eu só quero te seduzir com aquilo tudo que você quer ser seduzido no meu corpo. Não quero mais saber dos nossos amanhãs, eles já me fazem mal. Não quero te dar importância. Quero esquecer seus números, suas mãos e sua cor. Não quero lembrar da sua pele na minha e das matizes inebriantes dos seus olhos-estrela. Mas eu quero imprimir na ponta dos seus dedos todas as impressões perdidas na minha digital. Hoje eu acordei pra você. Hoje eu decidi não te perder. Mas a chuva desfez meus planos. Borrou meus desenhos cor púrpura, desfez meus laços, molhou meus sapatos. Hoje eu acordei pra você. Mas o mundo dorme lá fora.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Abololô

Haviam tantos Marcelos, tantos Renatos e Tiagos que poderiam ter sido. São tantos os Pedros, tantos Joãos e Josés que poderiam ter ido. Mas em meio a tantos Danilos, Andres, Antônios e Felipes, foi você quem veio. Com esse jeito calado, sentou aqui do meu lado e não pediu licença pra ficar. E foi tomando meu espaço e sem eu perceber, se tornou um pedaço desse vidrado olhar. Tão vidrado em você que nem lembrou de esquecer tudo mais que havia ao redor. E não percebeu que estava guardado, ali no fundinho, o perigo, em seu cheiro, pernas, pés e umbigo. Você assim, com esse jeito moreno, esse abraço pequeno e areia nas mãos, me perdeu na estrada, na esquina quebrada, na contramão. Agora fico aqui, com esse sentimento a mil por hora, que me toma sem demora e me faz esquecer a hora de desligar o fogão. Amo então a toda velocidade, com intensidade, vontade e paixão. Questionando minha sanidade, peço assim, de verdade, não quebre meu coração. Porque eu me perdi nos seus passos, entre beijos e amassos, no laço de aço do seu cordão. E não quero me encontrar. Quero sentir meu peito sem ar, com teus braços me apertando pra sufocar. Eu não quero pensar, não quero perder. Me deixa sonhar. Esse peito já não sente em mais nada. Topa qualquer muro, pedra e parada. Desse jeito rasgado, só exige você ao lado. Você, que de mansinho mudou matizes, odores e raízes, me deixa assim, irracional, sem saliva na boca e com rima banal.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sol

Ela guarda tempestades no céu da boca. Ensina, todos os dias, que a vida é feita de nuvens, algodão doce e tontos sons. Tem na cartilha que a vida é feita de coisas bonitas, margaridas no campo, formigas pequenas e laços de fita. Ela é magia. Preenche o espaço sem estar. É um trovão. Faz da cama tocas pequenas de coelhos peludos e macios. Tempera pratos, atos e fatos. Tempera, assim, meu coração. Sai todos os dias pra descobrir seus erros. Come pão molhadinho de café. Ama sincero, sem medida e posso jurar que dentro daquele armário vazio, esconde uma varinha de condão e uma bola de cristal. Por que estar sempre certa? Porque estar sempre certa, pra ela, é normal. Ama meus sorrisos, meus trejeitos, meus passos pesados, meu avesso, meu ciso e meus pés. Ninou minhas noites com Chico, Caetano e tudo mais que pudesse lembrar ideologias e revolução. Ela pensa! E guarda tempestades no céu da boca. É a certeza de felicidade ao entrar em casa. Prefiro um mundo sem chaves com ela na porta. Menina da janela. Da minha janela de partida. Do meu cais de chegada. Sempre me pergunto como cabe ali, naquele peito moreno, tanta sabedoria. "Mas seus olhos castanhos me metem mais medo que um raio de sol". Acorda meus sonhos em silêncio com amor de vitamina de banana. Num amor tão sinestésico, me quero criança, quero ser sempre a criança na barra da saia dela.

No meu dicionário, Solange é assim:

Amar+é+acordar+cedo+pra+fazer+a+vitamina+de+banana, violeta, dourado, glamour, verdade, voz alta, risada fácil, felicidade pura, intensidade, Eduardo Galeano, Ítalo Calvino, palavras difíceis, excertos de Quintana, força, menina+levada+que+come+doce+todo+dia, cabelos compridos, pés no chão, molho de tomate, Chico Buarque, letras incompletas de músicas, canções de ninar, nuvem, inteligência, paixão, alguémquegostatantodamaluquantoeu, barra da saia, proteção, aconchego, travesseiro, tardes ensolaradas, aurora, via láctea, 6, voz, Rita Lee, abraços, inteira, segredos, surpresa, momento+exato+antes+de+entrar+na+festa+de+aniversário, brava, espelho, gatos, hippy, tiazona-caretona-que-já-foi-pra-algodoal, pureza, cheiros, massagem no pé, amor.

E é tão mais. Mas é tudo pra mim.

Feliz ano novo, Sol.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Ms

"Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu..." - Chico sempre tem toda razão. Mas não interessa como nos sentimos, o dever chama e temos que acordar, ver um céu azul e trabalhar. Produzir é o real prazer dessa arte? Talvez. Mas as peculiaridades de um ambiente são o que sempre o tornam interessante. Em meio a baias, portas que só se abrem com o passe mágico de um cartão, um chão que treme com meus passos pesados e umas garrafinhas de água que, juro, têm um gosto horrível de plástico, as minhas horas na Thomson (não ThomPson) Reuters (que sim, se fala roiters) são deliciosas pela presença dos Ms. Um M ao lado. Um M longe. Hei de admitir que ambos, sim, ambos foram muito difícies de conquistar. Mas ah... o exercício da conquista é sempre excitante. Toda vez que eu me sinto como que morrida, dilacerada, eu levanto com a certeza de que vai ter alguém do meu lado que sempre se admira com as minhas perguntas (não por serem instigantes, mas por serem óbvias), mas que sempre me ensina tudo com a maior paciência do mundo. Que me emprestava R$3,25 pro cigarro quando eu não tinha nem R$0,01, que divide o molho da salada comigo, que me abraça quando me vê chorar, que tem lapsos súbitos de amor por mim, mas sempre que pode, me repudia porque sabe que assim vou amá-lo mais e mais. Ele gosta de coca quente (ou será pepsi?), tem umas idéias malucas que eu sempre tento demover, chama o Chico de bicha toda vez que eu insisto em fazê-lo ouvir uma música no final do dia e tem uma visão pessimista das coisas bem oposta a minha. Mas ele colore os meus dias. Faz magia das nossas horas e torna toda a convivência em momentos quentinhos de bolo quente com café. Ele me faz querer ser melhor e trabalha meu lado mais altruísta.
Tem um M lááaa longe que dia desses eu descobri que não tinha ido tanto com a minha cara assim. Mas fui ler em seu blog um post sobre a Gi e tinha um comentário falando que as amizades dela sempre começam com esse ar de "não-fui-com-a-tua-cara". Sinceramente, não sei quando começou a ir, mas hoje é uma coisa de bonds e música que faz feliz e acalma o coração. Ela me dá uma segurança de estar ali do outro lado, da certeza de que eu posso chorar só 5 minutinhos no elevador, de segredar coisas no corredor e de palavras soltas, de cabelos ao vento e mãos coloridas, que me remetem ao melhor que eu já fui e ao melhor que posso ser. Com ela, de fato, o mundo é uma cápsula quentinha e feliz.
Eles me fazem voar e eu adoro a sensação dos meus pés fora do chão.
Mi e Max, vocês me fazem querer ser melhor. Vocês são o vale a pena de todo dia.