Apaixonar-se não é arte fácil. É preciso ter luz nos olhos, peito cheio, frio na barriga, gosto de nuvem no céu da boca, eletricidade na pele e felicidade. É preciso, mais que tudo, sentir. É preciso aquela busca interna por ver graça naquele cenário. Aquela graça que só você vê. Aquele sorriso que só ele dá. Aquele olhar que só ela sabe desmontar. É busca de pedaço, busca por espaço. É aquela ausência dos nervos de aço. É o que te faz gostar de sertanejo, comer pastel de queijo e rir de percevejo passeando no braço ao entardecer. Apaixonar é rima banal sem ser vulgar. Mas certo dia vem um descompasso. As ligações já sufocam, o perfume enoja o estômago, a calça verde é cafona demais pra passear. O queijo do pastel fica borrachudo e nada mais rima no andar dessa paixão. É quando você volta a ser você, no gradativo dos dias, mesmo sem querer. Com seus livros do Galeano no fim da tarde, sua repúdia por café, suas pinturas de Monet e os acordes da Bossa Nova que te fazem colorido. Tudo, menos sertanejo. Sendo assim, desapaixonar seria fácil. Afinal, você se retoma, inebria-se da sua essência, ao invés daquela procura, do agradar, da mudança. Desapaixonar é mais fácil talvez que apaixonar. A diferença é que um é escolha e o, outro necessidade.
Para Giovana, que sempre me deixa feliz quando lê aqui e que me inspira com seus anseios.
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quarta-feira, 11 de março de 2009
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Abololô
Haviam tantos Marcelos, tantos Renatos e Tiagos que poderiam ter sido. São tantos os Pedros, tantos Joãos e Josés que poderiam ter ido. Mas em meio a tantos Danilos, Andres, Antônios e Felipes, foi você quem veio. Com esse jeito calado, sentou aqui do meu lado e não pediu licença pra ficar. E foi tomando meu espaço e sem eu perceber, se tornou um pedaço desse vidrado olhar. Tão vidrado em você que nem lembrou de esquecer tudo mais que havia ao redor. E não percebeu que estava guardado, ali no fundinho, o perigo, em seu cheiro, pernas, pés e umbigo. Você assim, com esse jeito moreno, esse abraço pequeno e areia nas mãos, me perdeu na estrada, na esquina quebrada, na contramão. Agora fico aqui, com esse sentimento a mil por hora, que me toma sem demora e me faz esquecer a hora de desligar o fogão. Amo então a toda velocidade, com intensidade, vontade e paixão. Questionando minha sanidade, peço assim, de verdade, não quebre meu coração. Porque eu me perdi nos seus passos, entre beijos e amassos, no laço de aço do seu cordão. E não quero me encontrar. Quero sentir meu peito sem ar, com teus braços me apertando pra sufocar. Eu não quero pensar, não quero perder. Me deixa sonhar. Esse peito já não sente em mais nada. Topa qualquer muro, pedra e parada. Desse jeito rasgado, só exige você ao lado. Você, que de mansinho mudou matizes, odores e raízes, me deixa assim, irracional, sem saliva na boca e com rima banal.
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