quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Abololô

Haviam tantos Marcelos, tantos Renatos e Tiagos que poderiam ter sido. São tantos os Pedros, tantos Joãos e Josés que poderiam ter ido. Mas em meio a tantos Danilos, Andres, Antônios e Felipes, foi você quem veio. Com esse jeito calado, sentou aqui do meu lado e não pediu licença pra ficar. E foi tomando meu espaço e sem eu perceber, se tornou um pedaço desse vidrado olhar. Tão vidrado em você que nem lembrou de esquecer tudo mais que havia ao redor. E não percebeu que estava guardado, ali no fundinho, o perigo, em seu cheiro, pernas, pés e umbigo. Você assim, com esse jeito moreno, esse abraço pequeno e areia nas mãos, me perdeu na estrada, na esquina quebrada, na contramão. Agora fico aqui, com esse sentimento a mil por hora, que me toma sem demora e me faz esquecer a hora de desligar o fogão. Amo então a toda velocidade, com intensidade, vontade e paixão. Questionando minha sanidade, peço assim, de verdade, não quebre meu coração. Porque eu me perdi nos seus passos, entre beijos e amassos, no laço de aço do seu cordão. E não quero me encontrar. Quero sentir meu peito sem ar, com teus braços me apertando pra sufocar. Eu não quero pensar, não quero perder. Me deixa sonhar. Esse peito já não sente em mais nada. Topa qualquer muro, pedra e parada. Desse jeito rasgado, só exige você ao lado. Você, que de mansinho mudou matizes, odores e raízes, me deixa assim, irracional, sem saliva na boca e com rima banal.

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