sexta-feira, 3 de abril de 2009

Um grito.

Eu preciso de férias. De férias deste corpo cansado desses dias amargos de fel sem sabor. Eu preciso dormir. Dormir e não lembrar dessa rotina macabra que me macula e acaba sem me deixar escolher. Eu preciso parar. Parar de chorar, de tentar, de buscar, de me machucar. Eu só quero curar. Essa dor que me acompanha e, por mais que eu tente, meus olhos no espelho não me deixam esquecer. Eu quero uma casa, de alma lavada, com janela pro nada e porta vedada pra tudo que me fizer perecer. Eu queria cansar. Mas já cansei. cansei dessa pena velada, dessa coisa tão suja que me fere a saber. Quero voltar a ser criança! Com toda aquela paz da infância, com aquela inocência, pura e boa que não fazia doer. Minhas pernas padecem, minhas mãos estremecem, deixando o copo e a vida cair. Mas me atendo ao cigarro. Quero me libertar dos vícios, dos ofícios e dos malefícios que tem me acarretado esse negócio de viver. Quero chá quente na cama. Com urso de pelúcia e carícia de mãe até amanhecer. Essas rimas baratas, tão vulgares e insensatas, só me deixam assim: com a certeza que eu me perdi. E me perdi dentro de mim. E esse negócio que dói... Ei! Alguém tira! Ele aperta meu peito e me deixa sem jeito pra prosseguir. E sufoca esse corpo moreno, por vezes pequeno, tentando lutar. Isso aqui é um desabafo, cheio do meu cansaço e da minha angústia por mudar. Esse anseio por aquele amanhã prometido pelos olhos metidos que juraram me ninar. E a solução, eu garanto, é essa. Um abraço apertado, um sorriso bem largo, um doce melado e esperança no olhar. Eu peço.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Das coisas que são precisas.

Apaixonar-se não é arte fácil. É preciso ter luz nos olhos, peito cheio, frio na barriga, gosto de nuvem no céu da boca, eletricidade na pele e felicidade. É preciso, mais que tudo, sentir. É preciso aquela busca interna por ver graça naquele cenário. Aquela graça que só você vê. Aquele sorriso que só ele dá. Aquele olhar que só ela sabe desmontar. É busca de pedaço, busca por espaço. É aquela ausência dos nervos de aço. É o que te faz gostar de sertanejo, comer pastel de queijo e rir de percevejo passeando no braço ao entardecer. Apaixonar é rima banal sem ser vulgar. Mas certo dia vem um descompasso. As ligações já sufocam, o perfume enoja o estômago, a calça verde é cafona demais pra passear. O queijo do pastel fica borrachudo e nada mais rima no andar dessa paixão. É quando você volta a ser você, no gradativo dos dias, mesmo sem querer. Com seus livros do Galeano no fim da tarde, sua repúdia por café, suas pinturas de Monet e os acordes da Bossa Nova que te fazem colorido. Tudo, menos sertanejo. Sendo assim, desapaixonar seria fácil. Afinal, você se retoma, inebria-se da sua essência, ao invés daquela procura, do agradar, da mudança. Desapaixonar é mais fácil talvez que apaixonar. A diferença é que um é escolha e o, outro necessidade.

Para Giovana, que sempre me deixa feliz quando lê aqui e que me inspira com seus anseios.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Chapter I - I am a person.

I am a person. Made of flash and bones and magic. From ashes and dust, I made myself human. I usually get lost inside my dreams. My thoughts makes me weaker every day. I can't find my keys inside my pourse, be aware of that. Polite actions makes me sad. Combed hair makes me mad. I'm a terrible liar and you will probably love that. I can't sleep early and I can't get up late. The food have troubles with me. I like drugs (legal and ilegal). I write notes, I write words, I write to get relaxed. Text messages fill me with joy. I waste my time watching birds. I win my day seeing puppies. I hate being in love, I can't deal with this heartache issues. But I'm an excellent lover, I can asure you that. I don't know actually why I'm saying all this sheat. I'm sorry, this is me, person, getting nervous. But when I touch, just now, I get breathless, I feel happy inside.

segunda-feira, 2 de março de 2009

"E até o tempo passa arrastado só pra eu ficar ao teu lado. "
Só que na nossa novela, eu também quero ser teu amigo.

A burrice das pessoas me irrita. E me dá um medoooo.

Voltando, voltando.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Nosso amor, ecologicamente correto.

O mundo está em crise, meu bem. O mundo não espera. Vamos, nós, no uníssono passo de nossas pernas, tentar preservar o futuro dos filhos que estão por vir. Vamos dividir o chuveiro em constantes banhos conjuntos para economizar água. Eu prometo matar a sede da tua boca com o frescor da minha saliva. Exijo saciar a minha com doses diárias de amor e suor feliz. Veja bem, querido, o que será de nossos filhos se não fizermos isso? Você aceitaria que o fruto da tua carne passasse um dia sedento e remelento sem água por aí? Creio que não. Por isso eu te peço, por maior sacrifício que seja, salve o mundo comigo! Vamos apagar a luz mais cedo e nos descobrir no tato da escuridão. E nas noites iluminadas de lua, deixa eu conferir se é tudo certo, se é de vida feita a tua pele, se é de cor teu coração. Desliga essa televisão e vem viver comigo a nossa novela. Esquece esses filmes de ação. Eu posso te dar a adrenalina das telas. Vamos, amor, vem comigo. As crianças precisam comer. Vamos esquecer os enlatados, os congelados, os fritados (perdoe o neologismo pela licença poética de rimar). Plantemos nossa horta com cuidado e paixão. Nós podemos. Podemos nos alimentar do nosso amor. Cultivemos o pomar do quintal. Vamos brincar de se achar entre as macieiras depois de nos perdermos entre as amoeiras. E vamos criar animais e não vamos nunca comê-los. Sei que você odiaria ter a pele arrancada e a carne ali, entre os dentes inocentes de uma boca ignorante de coisas boas. Só peço isso, meu bem. Entenda, é um amor altruísta esse nosso. Vamos lá, é pelo bem dos guris. É pelo bem deles, amor.

domingo, 4 de janeiro de 2009

o que pode ser real. - 2

É o mesmo anjo que, todos os dias, me acorda com um sopro na nuca. Aquele anjo que briga comigo pra que eu coma direito. Um anjo que, quando eu conheci, não teve magia, nem diferença, nem necessidade. Foi anjo que me construiu, nesse amor maluco e verdade. O anjo que eu conquistei, pela certeza de que esse momento ia existir. Não diferente, nem criado, nem montado. A pureza desse dia, eu já tinha no meu peito. Talvez eu o tenha conquistado por querer viver esses momentos. Talvez eu tenha me enganado e tenha desejado os momentos para estar em companhia do anjo. Não sei. Não conheço o momento sem o anjo, o anjo fora do momento. Sinfonia uníssona de perfeição. Impávido abraço de feliz. Um anjo só pode ter nome de anjo. Meu anjo. Releio esse momento mentalmente e lembro da narração que fiz a mim mesma há uns meses atrás. Queria ler meu futuro, mas acabei por escrevê-lo. E cá estou nas minhas palavras. Eu, com o que desejei e com tudo mais que o anjo mágico me surpreendeu nesses sete meses. O prazer é tão pleno que nem sei o que é mais feliz. Se é ele lembrar de mim, até quando quer me esquecer. Se é saber meus gostos e ter a maravilha de me mostrar isso a cada sonho de dia. É ele conhecer meus pedaços, meus traços. Narrar nossos amassos... Com olhos de criança, com luz diamante. E saber os detalhes, que botão foi arrancado. Que trapo caiu. Reservo-me um minuto pra sorrir.
É por discutir comigo e terminar rindo de mim. É por não agüentar me ver sofrer. É por ter um cheiro inconfundível de cinco da manhã de primavera. É pelo gosto de nuvem branca que esconde na boca. É por sair da minha casa sem falar comigo e jogar um bilhete que diz “vem aqui fora, que eu tô querendo te beijar”. E eu saio. Entre lágrimas de amor e risos de violência, ele me beija. E sem sons, sabemos que o amor nos congela ali. Nosso amor construído. Sem diferenças. Sem grandes gestos. Um amor diário. Um amor de recíproco. Um amor que ele não sabia que ia ter. Que eu já tinha na cabeça antes de conhecê-lo. Um amor de amar minhas manias. Um amor de entender meus bicos. E ver beleza em lágrimas por filmes. Um amor que admira meu instinto revolucionário e que não se importa com as minhas filosofias de aviões. Um amor de curar loucuras. Um amor por língua presa. A língua presa dele. Presa à minha.

(Sim... Ainda vou lembrar da narrativa desse dia. Na vivência, ele está sendo bem melhor que os arrepios que senti na minha cadeira ao imaginá-lo).

A gente ri da noite passada. Nós dois aumentando o calor com o calor do corpo. Uma garrafa de tequila pelo amor no México... Enquanto ele vira a cabeça de gargalhar, eu fito seu som, sua cor. Quando se sente desacompanhado em seu ato, me aperta contra o peito. Diz no vento pra chegar a mim: “Sinto a sua falta de rir comigo. Nem penso em não te ter. O que foi?”... Meu vento leva pra ele: “Amo tua boca sorrindo. Amo teus pedaços em mim. Amo tudo”. Afasto a minha cabeça do coração, embebedo meus cabelos e passo a língua no seu gosto. Nada mais se diz naquela janela de luz. Somos um só. E cada um. A nossa solidão não me incomoda. Amo nos fazer companhia. Basta o um que somos. Não há solidão com dois.


7 meses.
05/01/2008

o que pode ser real.

Estou na praia. Não tem quase ninguém. Sentada na cadeira de óculos escuros, só vejo o sol subindo no céu e o vendedor de côco passando a minha frente com um cachorro ao lado. Sem vontade alguma de me mexer, eu acendo um cigarro. Movimento apenas o antebraço apoiado na cadeira. E lentamente, repito esse ritual mais algumas vezes. Sei que eu não estou sozinha, mas a paz que me toma é tão grande, que espreguiço a mente antes de pensar em quem me acompanha. E, nisso, já me pego pensando na temperatura gostosa da água e em como seria magnífico se eu pudesse estar deste mesmo jeito, dentro dela. Lembro não mais que de repente, que estou sentada em frente à casa que velou meu sono durante a noite. Cheguei aqui ontem e não posso dizer que minha memória seja tão astuta ao ponto de saber exatamente o que fiz ontem para estar tão relaxada. E esquecida. Sei, de novo, que não estou sozinha. Mas não me atenho aos detalhes. A companhia do mar me basta no momento. O sol resolve me espiar de frente. Nesse amor platônico que mantemos um pelo outro, só me interessa a luz. Nada a retribuir, a não ser a minha imagem. Um vento frio a noroeste me distrai. Só fecho os olhos pra viver. Quanto momento há nessa magia. O calor. O calor do sol. O aconchego dos pés mergulhados na areia. O encaixe macio dos óculos no rosto. A inércia, que dota o corpo de inexistência. Eu não existo nesse ambiente. E isso é um gozo à vida. Não estou sozinha. Mas que me importa outra massa, se a minha flutua? Adoro o sentimento do invisível. Quero mergulhar meu cabelo no sal do mar. Ah! Por que a onda não vem me pegar? Pouparia a mexida do pé. Pouparia a mudança do cenário perfeito. Tô com preguiça de pensar. O céu bem que podia pensar por mim. Mas ele está ocupado demais me abraçando de azul. Uma mão molhada me toca. Letárgica demais pra me assustar. Nem sujeito das minhas orações eu quero ser. Penso em abrir o olho de soslaio... Mas me vem à cabeça a divertida pronúncia da palavra soslaio e todas as formas que ela pode se encaixar num dizer. Ameaço um sorriso. A vontade de gargalhar não é obedecida pelo cérebro. E me acometo da mão na minha mão. A luz do sol a me cegar e eu a abrir os olhos. Quem ousa me tirar do meu nirvana astral? Um anjo de asas vermelhas me sorri. Sim, eu o amo por ter me acordado. A sua paz celestial me arrepia a perna. Em transe com a natureza, me deixo ser conduzida por ele. Nem sinto o esforço do levantar. Ele ri do meu silêncio. Eu rio pra ele. Sim! Achei minha felicidade. Nada além de umas folhas que dão côco a balançar. Umas conchas entre os dedos que caminham. A música das ondas molhadas na areia. A areia molhada de mar. Meu sonho real. Na preguiça de pensar, eu pensei o anjo. O gelo da água nas canelas me desperta. A ousadia do anjo me intimida. E me excita. Absorta em meus pensamentos malignos, sou tomada por uma asa, que me abraça e me voa pro céu. O anjo não diz. Muita preguiça me impede de falar. Será que ele pode ler meus pensamentos? Se, maluca, deve pensar. Mas me carrega mesmo assim. Seria uma tentativa de me salvar? E dele, quem pode? Uma frase cala meus questionamentos. “Eu amo te ver dormir ao sol”, sibila o anjo nos meus lábios. Um hálito de amor me invade sem licença. O anjo me ama. E me ama ao sol. E ama o meu dormir. O anjo não me é novidade. Ahhhh! Quero abrir os olhos pra saber, quando ele me foi inédito. Anjo malandro. O prazer dos olhos fechados em seu pescoço adia o contato. Anjo macio. Anjo maluco. Anjo, por si só. Anjo meu. Será que posso ser amante de um anjo? Em comunhão com a adrenalina do meu estômago, eu conheço o anjo.