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segunda-feira, 3 de novembro de 2008

não tem fim.

Ontem eu fui ao cinema e não quis levantar quando o filme acabou. Os créditos finais me jogaram numa parede cálida e fria de solidão. Eu não queria que acabasse, eu não queria sair dali. Fiquei sentada, esperando a próxima sessão até o segurança me pedir para que eu me retirasse. Cheguei em casa e liguei o rádio. Tocava "full for your loving no more" e quando acabou eu me senti mal, mas não podia repetir a canção. E todo fim, pra mim, é assim. Independe de ser bom ou ruim, eu me sinto um filhote acuado, eu quero voltar, eu sangro. Eu tenho medo dessa felicidade não sabida, dessa tristeza velada me esperando na esquina. Odeio o dia seguinte. Por isso eu deixo pedaços no prato, esqueço sapatos e finjo não esquecer. Eu tenho medo. Eu me prendo com algemas, me martirizo com pensamentos e sofro. Eu não sei terminar, eu não sei despertar. Eu viajo e não quero voltar. Eu sonho e abomino o acordar. Eu me perco. Todo final me encharca de desespero. Mesmo ébria de certezas, eu não sei. Não sei mais o que vai ser de mim.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Tem uma música que diz assim ó

"Something's glistening im my imagination
Motivating something close to breaking the law
Wait a mo before you take me down to the station
I've never known a one who'd make me suicidal before

He was so beautiful, but oh so boring
I'm wondering what was I doing there
So beautiful, but oh so boring
I'm wondering if any out there really cares (...) "


Como diria um sábio muito sábio da terra dos sábios, por fora bela viola, por dentro pão bolorento. A-do-ro ditos populares.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Você ainda vai tropeçar no seu orgulho e cair na minha cama

Eu tenho um buraco aberto no peito. Um prego foi responsável por ele. A ausência do prego por muito machucou de morte esse peito aberto. E você se achou no direito de pegar sua faca e reabrir essa ferida. Você chegou de mansinho, me colocou no seu colo e achou que podia brincar. Esburacar, meu amigo, não é brincadeira. Um peito aberto merece respeito. Uma dor merece atenção. Mas você só conseguiu olhar por sobre esse vão e esqueceu de enxergar o peito que o forma. Muitas dores são sem valia. Muitas palavras nada dizem. Mas eu quis acreditar. Quis crer que você não tinha uma faca. A ilusão me deu imagens agora desagradáveis de um sopro acalentador na ferida recorrente. Eu me entreguei, você me usou. E estabelece um jogo diário sem time, sem dupla, sem regras, sem padrões. Não movi minhas peças, mas você continuou fazendo seus pontos. Eu não sou um tabuleiro de xadrez. Tire suas mãos sujas de lama da minha côxa. Arranque dos meus quadris seus olhar de desejo reprimido. Destrua as palavras dúbias que ainda moram no meu ouvido. Não me deixe mais permitir você me invadir. Eu me ative a fios de teias, você as teceu sem licença. A queda, meu amigo, não faz parte de mim. A fumaça do seu cigarro não vai dissipar a impureza do seu caráter. O encontro de retinas é sombrio. E você tinha uma faca. Fez uso dela sem parcimônia e esqueceu que feridas abertas incomodam. Você tem, agora, suas mãos sujas com meu sangue. Pode disfaraçar, lavar, limpar, mas o cheiro do metal ensanguentado não vai sair de você. Você ainda vai lembrar do som do meu sorriso e da cor da minha escova de dentes. Seu jogo não me engana mais, não me perturba mais. Estabeleça quantos contatos telepáticos quiser. Pule na minha mesa e rasgue meus papéis. Atropele meus passos sem pressa, sem medo. Conte segredos ao vento pra que eu possa escutar. A ferida faz parte de mim. Sua faca não me mete mais medo. Eu sentei e fumo meu cigarro. Você ainda vai tropeçar no seu orgulho e cair na minha cama.