terça-feira, 30 de dezembro de 2008

No final.

Maldigo essas palavras na tua ausência.

Eu vou ainda vou duvidar e desacreditar e testar e querer. Depois do cansaço, eu nos quero fortalecidos. Eu vou jogar copos, bebidas e venenos. Eu vou te esconjurar. Depois do perdão, eu nos quero renascidos. Eu vou subir na mesa, tirar minha sandália, dançar até perder e gastar o meu sapato. Depois de todo o desgaste, eu nos quero renovados. Eu vou quebrar pratos, vasos, patos, gatos e até seu coração. Depois de todo o estrago, eu te espero consertado. Eu vou morder, lamber, untar, gozar, perder. Depois de todo o pecado, eu nos quero perdoados. E vão tentar. E por vezes conseguir. Mas antes da separação, nos espero inseparáveis. Eu pra sempre vou omitir, trair, permitir, fugir. Eu sempre serei insegura. E depois de todas as lágrimas, eu te espero imaculada. E no final do ato 5, eu nos quero imutáveis. E na tomada 4, eu nos quero infindáveis. Eu não acredito, eu repudio. Mas nos quero confiáveis. Vc longe, eu perto. E nos quero tangíveis. Eu burra, vc vazio. E nos quero pensáveis. Na exaustão das minhas letras mal escritas, quero você pedaço de mim. No final, eu não te espero mais. Mas continuo na cama.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natal.

Porque eu adoro luzinhas nas árvores piscando. Porque as pessoas mudam o jeito de olhar. Porque as ruas ficam mais vazias e os restaurantes mais lotados. Porque as pessoas se permitem (pequenos luxos, extravagâncias, mimos e revistas). Porque eu adoro Papai Noel de chocolate. Porque me emociona a pureza dos meus primos que acreditam num velhinho de trenó distribuindo presentes. Porque me acalma o regozijo dos meus tios em serem papais e mamães noéis. Porque me acalenta pensar que alguns desejos de muitas pessoas vão se realizar. Porque se pode ouvir músicas natalinas nos banheiros dos shoppings. Porque todos os programas de televisão se passam no natal. Porque os filmes de Hollywood ficam mais bonitos. Porque o sorriso ocupa todos os rostos. Porque eu não gosto de peru. Porque eu adoro ganhar presente. Porque eu quero sempre montar a árvore. Porque Frank Sinatra cantando "I wish you a Marry Xmas" me deixa inebriadamente feliz. Porque os cachorros passeiam nas ruas de gorrinho vermelho. Porque todas as fantasias giram em torno do natal (até as sexuais, e isso me dá um pouco de medo). Porque me remete aos melhores momentos da minha vida. Porque me permite passar os melhores momentos da minha vida. Porque me faz lembrar o quanto eu posso chorar diante da televisão. Porque me faz esquecer o quão duro esteve meu peito nos últimos tempos. Porque me faz querer cantar. Porque me faz dançar. Porque me faz partilhar. Porque me faz inenarravelmente feliz. É por isso que eu gosto tanto, tanto do natal.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Daquelas coisas que eu não sei lidar bem.

"Eu gosto de você
com uma força bruta
que não entendo bem."

(porque eu fico aqui sem palavras e nesses momentos Zeca fala melhor por mim)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Jeans.

Recebi ontem seu embrulho, mas não tive tempo de abrir. Corri e na exaustão que é digna das noites, rasguei o papel de seda. E perdi a voz. Não tinha rispidez. Tava com a cor desbotada que só os anos colorem. Tinha aquele cheiro de adrenalina tão característico dos sonhos bem vividos. Perdi o som. Abri a imponente porta do armário e joguei com repúdio todos os ternos no chão. Arranquei com desdém aqueles casacos pomposos do cabide. Nada diziam com aquele jeito de perfumes importados e sapatos comportados. Aqueles braços polidos que um dia os vestiram estavam nus de vergonha. Nus de lágrimas. E eu sentei naquele carpete engomado e a retirei do embrulho. Parecia que gostava da cena passional que se passava ali naquelas paredes de meia luz. Guardava meus segredos em meio a matizes de azul. E eu perdi as estribeiras, quebrei cadeiras e bati nos espelhos de água dos copos. Essas diretrizes que nada tinham haver com aquele pacote me violentaram naquela janela de luz. E nada mais se dizia. Borrei aqueles olhos pincelados de escudo. Busquei nos bolsos motivos de ratificação. Achei aquele bilhete primaveril que você me deu no inverno passado. E minhas lágrimas quase apagaram a “felicidade de borboletas no estômago” escrita com lápis de cor. E achei nossa moeda velha de apostas e me senti abraçada por todo aquele desgaste. E antes de abotoar os botões, nosso cheiro me ensurdeceu num grito de saudade. E vi ali, naquele corredor sem fim, que eu não quero mais o golden dream. Eu acredito mesmo é em jaqueta jeans. E me emociona encontrar alguém com uma e são nessas pessoas que eu confio. Obrigada por me tornar confiável. Obrigada por me devolver a minha velha jaqueta jeans.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

recado de batom no espelho

Can you please leave?
And don't forget to remove your fingerprints from my hips.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Anúncio.

Cansada de pensar por nós dois, eu rasguei um livro. Cansada de sentir por você e por mim, eu silenciei a música. Resoluta em acabar com seus sonhos infundados, resolvi te contar. Eu sim, sou o começo do seu fim.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

você agora.

Hoje eu acordei pra você. Acordei pra te fazer perder e me achar à frente. Eu me pintei de cores de seduzir suas pernas nas minhas cadentes de te fazer cair do rebolado. E me vesti de amores pra te prender no meu peito, mesmo que você, meio sem jeito, se prenda nos arames do nosso medo inconstante. Coloquei imãs na pele pra te atrair à minha parede carne quente do seu calor sensível. Corei o hálito do sabor do seu desejo que só quer o meu desejo, mas não sabe me dizer. Eu te beijo. Com a mesma boca que despertou pro seu sabor, que sente falta da sua língua e que passeia pelo seu pescoço sem medidas. Nesse nosso ritmo descompassado, com esse sentimento velado, eu só quero te seduzir com aquilo tudo que você quer ser seduzido no meu corpo. Não quero mais saber dos nossos amanhãs, eles já me fazem mal. Não quero te dar importância. Quero esquecer seus números, suas mãos e sua cor. Não quero lembrar da sua pele na minha e das matizes inebriantes dos seus olhos-estrela. Mas eu quero imprimir na ponta dos seus dedos todas as impressões perdidas na minha digital. Hoje eu acordei pra você. Hoje eu decidi não te perder. Mas a chuva desfez meus planos. Borrou meus desenhos cor púrpura, desfez meus laços, molhou meus sapatos. Hoje eu acordei pra você. Mas o mundo dorme lá fora.