Eu sou culpada. Culpada por todos os momentos que me privei de passar com você. Culpada por não ter seus olhos pertinentes pesando na minha carne. Eu assumo, a culpa é minha. A culpa é minha por essa saudade gelada invadir meu sono. É minha a culpa pelas três únicas cartas de amor entre as páginas dos meus dias. Por não ver suas cores de mim no peito. Por não sentir seu cheiro inconfundível de 5 da manhã. Por não sentir o gosto inebriante de nuvem no céu da boca. A culpa é minha por ter te traído em portas de banheiro. A culpa é toda minha por ter te culpado dos meus pecados. Por ter te usado como desculpa-máscara pra pecar sem me confessar. Por ter te usado. Por ter te feito culpado. É minha, só minha. A culpa pelas palavras ferozes, pelas reprovações desmedidas, pelas sentenças contidas, pelos olhos fechados e calados. Pelas suas madrugadas acordado. Eu sou a responsável pela sua blusa desbotada quase sem cheiro de tanto lavada. Por você odiar tudo que me lembra você. Pelo gosto amargo do fel na sua garganta. Pelas juras, promessas e esconjúrios. Pelas maldições. Pelas tradições (e traições). Pelas pegadas na escada. Culpada por seu peito cheio não ter preenchido o meu vazio. Pelas suas ilusões. Pela boca seca.
Sou eu a culpada dessa culpa. Desse arrependimento. Dessa certeza.
É minha e só minha. E não é minha a culpa pela sua felicidade. Por toda a felicidade que um dia você quis me dar e que um dia vai ter. Eu não a mereço. Eu não te mereço. Sou réu confessa do seu penar. Eu sou culpada.
terça-feira, 30 de setembro de 2008
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Um comentário:
minha culpa, minha máxima culpa?
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